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A carta do leitor como gênero midiático

Par   •  3 Mai 2018  •  5 233 Mots (21 Pages)  •  723 Vues

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O contexto de produção determina os níveis do folhado textual. Para produzir um texto que seja adequado ao seu contexto, é necessário que mobilizemos a situação de produção de um texto. O contexto de produção é um importante elemento na produção de um texto pertencente a determinado gênero textual, ou seja, se não respeitado, pode descaracterizar o gênero em questão não lhe atribuindo suas funções comunicativas específicas. Conforme nos lembra Machado (2001), a análise destes parâmetros pode auxiliar na classificação de um texto como pertencente a um ou outro gênero. Segundo Bronckart (2007:93), “o contexto de produção pode ser definido como o conjunto dos parâmetros que podem exercer uma influência sobre a forma como um texto é organizado”. Dessa maneira, o contexto de produção seria constituído pelas representações que se tem sobre o lugar da produção, o momento desta, o emissor e o receptor do ponto de vista físico e de seu lugar (papel) social, sobre a instituição social onde se dá a interação e o(s) objetivo(s) que o produtor quer atingir em relação ao seu destinatário.

Quando analisamos o contexto de produção de um texto e buscamos nos adequar a ele na produção de um determinado gênero textual, estamos mobilizando as ditas capacidades da linguagem (SCHNEUWLY e DOLZ, 2004). Em seus estudos, Machado (2005) nos lembra de que toda produção textual passa pelo viés destas capacidades que podem ser resumidas da seguinte forma:

- capacidade de ação: representações sobre a situação e mobilização de conteúdos;

- capacidade discursiva: atividades relacionadas com a organização geral do texto (tipos de discurso e de seqüência);

- capacidade lingüístico-discursiva: atividades relacionadas com aspectos lingüísticos: vozes, modalizações, coesão, conexão;

As três capacidades descritas são mobilizadas pelos seres humanos no momento da produção textual. Nesta organização, as representações sobre o contexto e a situação de produção do gênero se encontrariam na capacidade de ação, recuperando sua base fundadora em Bakthin, para quem a linguagem é vista como forma de ação social.

Trabalhar com gêneros requer, também, conhecer as formas assumidas por tais instrumentos no “corpo” do texto bem como escolher e selecionar elementos pertinentes ao seu ensino. Isso implica numa análise minuciosa das características comuns existentes nestes gêneros, elaborando o que De Pietro (1996/1997) nomeia de modelo didático de gênero.

O modelo didático de gênero se define como um momento de transposição didática - uma abstração - que nos permite apontar os elementos a serem estudados que virão a ser objetos de ensino/aprendizagem em uma situação de comunicação específica. Conforme nos lembram Machado e Cristóvão (2006:557), retomando, inclusive, o mesmo autor, “tendo objetivos explicitamente didáticos e sendo a transposição didática um processo com determinadas características que não podem ser evitadas, a construção desses “modelos” não precisa ser teoricamente perfeita e “pura”, abrindo-se a possibilidade da utilização de referências teóricas diversas, de diferentes estudos sobre o gênero a ser ensinado, além de referências obtidas por meio da observação e da análise de práticas sociais que envolvem o gênero, junto a especialistas na sua produção”. Deve-se, portanto, analisar vários exemplos característicos do gênero escolhido, mas jamais visar à construção de um modelo didático que seja perfeito, uma vez que a preocupação maior de um pesquisador que nela se envolve não é estabelecer modelos ideais, mas auxiliar o trabalho pedagógico e a aprendizagem.

Segundo Machado e Cristóvão (2006:557), a construção de um modelo didático se faz, então, pela análise de um conjunto de textos pertencentes ao gênero considerando-se no mínimo:

- as características da situação de produção (quem é o emissor, em que papel ele se encontra, a quem se dirige, em que papel se encontra o receptor, em que local é produzido, em qual instituição social se produz e circula, em que momento, em qual suporte, com qual objetivo, em que tipo de linguagem, qual é a atividade não verbal a que se relaciona, qual o valor social que lhe é atribuído etc.);

- os conteúdos típicos do gênero;

- as diferentes formas de mobilizar esses conteúdos;

- a estrutura composicional característica do gênero, ou seja, o plano global mais comum que organiza seus conteúdos;

- o seu estilo particular, ou, em outras palavras:

- as configurações específicas de unidades de linguagem que se constituem como traços da posição enunciativa do enunciador: (presença/ausência de pronomes pessoais de primeira e segunda pessoa, dêiticos, tempos verbais, modalizadores, inserção de vozes);

- as seqüências textuais e os tipos de discurso predominantes e subordinados que caracterizam o gênero;

- as características dos mecanismos de coesão nominal e verbal;

- as características dos mecanismos de conexão;

- as características dos períodos;

- as características lexicais.

Para integrar todas estas ferramentas na produção textual, Schneuwly e Dolz (2004:97) propuseram o conceito de seqüências didáticas definidas como “um conjunto de atividades escolares organizado de maneira sistemática em torno de um gênero textual oral ou escrito”. São estas atividades previstas para um grupo de alunos específicos que auxiliam o ensino de determinado gênero, privilegiando o desenvolvimento dos três grandes tipos de capacidades de linguagem já descritos anteriormente e necessários à leitura e/ou produção de textos.

A seqüência didática se desenvolve, então, em etapas que foram descritas pelos autores da seguinte maneira: um momento inicial, chamado de primeira produção, no qual o professor diagnosticará as primeiras dificuldades a serem suplantadas pelos alunos bem como as representações iniciais possuídas por eles quanto ao gênero em questão. Esta teoria tem base em Vigotski (2008), no sentido em que o autor, no estudo com crianças, defendia que o aprendizado começava muito antes delas freqüentarem a escola e que qualquer situação de aprendizado com a qual a criança se defrontasse no âmbito escolar

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