Sobre contato improvisação
Par Orhan • 25 Janvier 2018 • 1 079 Mots (5 Pages) • 476 Vues
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Contato que relaciona o processo de despertar dos sentidos com as leis da física e a interação delas para a construção da dança.
“CI explora as leis da física ao máximo das possibilidades que elas podem oferecer à matéria que perambula pela Terra, observando seus efeitos. Trabalham-se espirais em diversos sentidos e em diversas superfícies, porque em contato dois corpos espiralam-se constantemente.” (Pizarro, 2011, p. 80).
Uma das leis abordadas em aulas de Contato-Improvisação é a primeira lei de Newton: a lei da inércia. “Todo corpo permanece em seu estado de repouso ou de movimento uniforme em linha reta, a menos que seja obrigado a mudar seu estado por forças impressas nele.” (Newton, 1996, p. 31), ou seja, para Newton um corpo que está em movimento tende a permanecer em movimento. Essa lei se aplica diretamente nas aulas, como, por exemplo, quando nós executamos o Body Surfing que “[...] consiste em fazer rolamentos em cima de outra pessoa, conectando o centro de ambas [...]” (Pizarro, 2011, p. 24-25), o rolamento se tornava muito mais difícil de ser executado quando alguém da dupla parava de se mover, ou seja, a inércia estava presente na atividade e quando ocorria a mudança de estado por uma força diferente a anterior encontrava dificuldades para continuar agindo, causando assim o aumento de resistência e peso e consequentemente comprometendo a fluência do rolamento dentro da dupla. A atuação das leis da física engendra em mim indagações referentes às relações do indivíduo e seus desejos com sua dupla e as subjetividades dela, ou seja, qual a interferência dessas leis nas relações entre a minha subjetividade e a da pessoa que dança comigo no momento da improvisação de contato? Como aliar essa interferência de forma não hierárquica para a construção de uma dança democrática em conjunto? No meu entendimento as leis da física atuam de forma exata e direta no conjunto da dança e a forma como os dançarinos lidam com essa interferência é democrática a partir do momento que existe entre eles diálogo. Citando José Gil (2004)
“A ideia de uma comunicação pelo tato resume-se no seguinte: quando há contato entre dois corpos, forma-se um corpo único tal que na consciência do corpo do bailarino ressoam os movimentos do corpo do seu par.” (Gil, 2004, p. 116).
A partir da citação é possível entender que as individualidades dos contatistas se somam para a construção de uma dança de improvisação que é única e isso consequentemente à torna peculiar. O objetivo então é tornar conjunto o conjunto subjetivo de características que juntamente com outra pessoa possibilitam a criação e a experimentação de movimentos na Improvisação de Contato.
Referências Bibliográficas:
“Contato Improvisação (contact improvisation) – um diálogo em dança”. Fernanda Hübner de Carvalho Leite. In: Movimento. Porto Alegre, v.11, n.2, p.89-110, maio/agosto de 2005.
“A Comunicação dos Corpos: Steve Paxton”. In: GIL, José. Movimento Total: O Corpo e a Dança. São Paulo: Iluminuras, 2004, pp.107-126.
PIZARRO, Diego. Fazendo Contato: A Dança Contato-Improvisação na Preparação de Atores. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Arte, Universidade de Brasília (UnB). Brasília, 2011.
NEWTON, Isaac. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultura, 1996.
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